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Mais rápido e mais barato. Essa é a promessa de um novo teste para diagnóstico da Covid-19 em desenvolvimento por pesquisadores do Instituto Nacional de Biomedicina do Semiárido Brasileiro, vinculado à Faculdade de Medicina (FAMED), em parceria com pesquisadores do Hospital São José de Doenças Infecciosas, do Laboratório Central do Estado, ambos ligados ao Governo do Ceará, e com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), de Ribeirão Preto.

Imagem de um homem de jaleco e máscara em um laboratório
Prof. Alexandre Havt indá (Foto: Divulgação UFC)

Embora ainda esteja em desenvolvimento, o novo exame obteve bons resultados em testes-piloto realizados na UFC, obtendo desempenho semelhante ao modelo tradicional de testes, o RT-qPCR. Agora, o desafio da equipe de pesquisadores é buscar financiamento das agências de pesquisa para avaliar a especificidade e a sensibilidade da nova técnica, inclusive a possibilidade dela gerar falsos positivos e falsos negativos.

Sobre a nova técnica

A nova técnica rastreia a presença de fragmentos de material genético do vírus. Ela difere do método de RT-qPCR tradicional, pois dispensa a realização de vários ciclos alternados de temperatura durante o exame, para os quais é necessário ter um equipamento chamado termociclador. Outra vantagem é a fácil leitura do resultado, que passa a ser visual, parecida com a de um exame de gravidez comprado em farmácia, ao passo que o tradicional exame RT-qPCR precisa de software específico.

O teste realizado na UFC foi conduzido pelo Prof. Alexandre Havt Bindá, responsável pelo estudo molecular. Nas imagens, é possível perceber a coloração amarelada da amostra com fragmentos do vírus sars-cov-2, enquanto a amostra sem vírus tem cor rosa. O resultado detectado foi confirmado pelo método tradicional de RT-qPCR, o que sugere ser a nova técnica tão confiável quanto a atual.

A equipe da UFC é liderada pelos professores Aldo Lima e Alexandre Havt e conta com a participação dos professores Armênio Santos, Pedro Magalhães, Marcellus Souza, Miguel Souza e Roberto da Justa. Do Hospital São José, participam os médicos Érico Arruda e Melissa Medeiros. Da USP de Ribeirão Preto, participa o Prof. Eurico Arruda Neto, virologista especialista em coronavírus. No LACEN atuam as farmacêuticas Liana Perdigão, Vânia Viana e Karene Cavalcante.

Sobre a testagem atual para a Covid-19

Atualmente, há dois tipos de exames para a covid-19. O PCR, considerado padrão-ouro, busca fragmentos moleculares do material genético do novo coronavírus. Ele é capaz de dizer com precisão se uma pessoa está com o vírus naquele momento, mas é um exame de alto custo e cujo resultado leva horas para ser realizado – na prática, o resultado só sai vários dias depois, devido à alta procura. Além disso, só pode ser realizado em laboratório com equipamentos de ponta, o que contribui para o alto custo.

O segundo tipo são os testes rápidos, cujo resultado sai com uma hora. Esses testes se baseiam na detecção de anticorpos contra o vírus. Devem ser aplicados, portanto, em pessoas que estão com a doença instalada há dias, tempo suficiente para o desenvolvimento dos anticorpos pelo organismo.

A nova técnica quer resolver essas limitações. Ela se baseou em uma metodologia desenvolvida no Japão no início dos anos 2000 e inicialmente adaptada por pesquisadores da Fiocruz de Pernambuco para a identificação do zikavírus. A rede que envolve os pesquisadores do Ceará e de São Paulo resolveu aplicá-la para o novo coronavírus.

Fonte: site UFC e Prof. Alexandre Havt indá, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC – e-mail: ahavt@ufc.br